sara_rafaela

 
Rejestracja: 2013-03-08
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O HOMEM - Remédios que atrapalham a vida sexual

O HOMEM - Remédios que atrapalham a vida sexual

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Na medicina quando receitamos um remédio para um paciente é fundamental que ele produza o efeito que desejamos sem modificar o seu bem estar. Em alguns casos certos efeitos colaterais, como a baixa de desejo sexual (libido), podem dificultar o seguimento do tratamento. Certos pacientes chegam mesmo a abandonar seus comprimidos, colocando em risco sua própria vida. Se um medicamento prescrito parece ter um efeito negativo na função sexual, deve-se considerar uma via diferente através da troca por um outro, diminuição de doses ou um outro complemento ao tratamento inicial. Não devemos por impulso interromper o que foi inicialmente receitado sem antes consultar o médico responsável. Sabemos que cerca de 25% dos casos de impotência sexual são devido aos efeitos colaterais de determinados remédios. Da mesma forma muitas doenças podem afetar a vida sexual, tornando-se difícil estabelecer se a causa é devido ao uso destes medicamentos ou mesmo da própria doença do paciente.

Os anti-hipertensivos (remédios usados para controlar a pressão alta): A família dos beta-bloqueadores como o Propanolol (inderal®, propanolol ®), Atenolol (atenol®, angipress®), Pindolol (visken®), Metropolol (lopressor ®), tornam a freqüência cardíaca mais lenta e ajudam o coração a funcionar melhor. Além de poder levar a disfunção erétil este grupo de remédios pode também prejudicar as 3 fases do ato sexual (desejo, excitação e orgasmo). O Propanolol tem uma ação negativa maior sobre a função sexual que o restante da família. Alto índice de disfunção erétil e problemas na ejaculação são associados com antigos simpaticolíticos Reserpina e Guanetidina (ismelina®), mas hoje praticamente não mais usados. A Clonidina (atensina®) e o alfa-metildopa (aldomet®) também têm causado perda do desejo sexual, disfunção erétil e dificuldade para conseguir o orgasmo.

Os bloqueadores dos canais de cálcio como a Nifedipina (adalat®) e o verapamil (dilacoron®) têm poucos efeitos sobre a função sexual se comparados aos beta-bloqueadores e diuréticos. O tratamento da hipertensão arterial com medicamentos do tipo Inibidores da ECA (enzima conversora da angiotensina) como Captopril (capoten®), Enalapril (renitec®), Cilazapril (vascase ®) tem baixa associação de disfunções sexuais. Diuréticos: Eliminam o excesso de sal e água do organismo. Podem prejudicar a ereção reduzindo a quantidade de sangue que circula para o pênis. Pacientes usando diuréticos tem uma chance de 2 a 6 vezes maior de ter uma disfunção sexual que uma outra pessoa qualquer. Impotência sexual ocorre em até 32% dos pacientes em uso de diuréticos do tipo Tiazídicos como a Clortalidona (higroton ®, tenoretic®), Hidroclorotiazida (clorana®, drenol®, moduretic®).

O possível mecanismo seria a redução dos níveis de zinco o que interfere com a produção de testosterona (principal hormônio masculino) contribuindo também para diminuição do desejo sexual. A Espironolactona (aldactone®) pode causar dificuldades de ereção em cerca de 30% dos casos e induzir a ginecomastia (crescimento dos seios no homem) devido a seu bloqueio na produção da testosterona. Medicações para a depressão, tranqüilizantes e neurolépticos: Episódios de depressão são freqüentemente acompanhados de uma baixa da libido (desejo sexual). Em homens com depressão grave os problemas de ereção estão presentes em 90% dos casos. Além disso, está comprovado que dificuldades de ereção podem favorecer o aparecimento da depressão.

Estas duas condições estão, portanto, intimamente ligadas a tal ponto da disfunção erétil hoje ser considerada parte do ciclo vicioso da própria depressão. Certos antidepressivos são responsáveis por problemas sexuais variados como a diminuição do desejo sexual, problemas na ereção e ejaculação. Os mais implicados são os antidepressivos tricíclicos como a Imipramina (tofranil®) e a Amitriptilina (tryptanol®). A Clomipramina (anafranil®) reduz a sensibilidade genital causando retardo na ejaculação. Medicações que aumentam a serotonina (serotoninérgicos) como a Fluoxetina (prozac®), Sertralina (zoloft®), Paroxetina (pondera®, aropax®) tem efeitos maiores sobre a ejaculação, causando retardo, sem influência maior sobre a função erétil e libido quando usados por curtos períodos. O exato mecanismo pelo qual estas substâncias causam disfunção sexual ainda não é bem conhecido. A Fluvoxamina (luvox®) seria o antidepressivo de escolha quando se deseja evitar o efeito colateral de ejaculações mais demoradas.

A Trazodona (donaren®) e Bupropiona (wellbutrin®) não apresentam influencia negativa sobre a atividade sexual, com alguns relatos na literatura médica de ereções prolongadas (Trazodona) e de melhora do desejo sexual com facilitação em conseguir orgasmos em homens e mulheres (Bupropiona). Os benzodiazepínicos, usados para tratamento da ansiedade (ansiolíticos), como o Diazepam (valium®), Alprazolam (frontal®), Lorazepam (lorax®), Clonazepam (rivotril®), Escitalopram (lexapro ®) são responsáveis por problemas relacionados a perda do desejo sexual. Os neurolépticos ou anti-psicóticos são medicamentos utilizados em psiquiatria em casos de psicoses (esquizofrenia, manias, etc) como o Tioridazina (melleril®), Haloperidol (haldol®), Clorpromazina (amplictil®), Carbolitium ®, causam problemas hormonais (aumento da prolactina com baixa da testosterona, alterações de tireóide), com repercussões sobre a libido, capacidade erétil, inibição da ejaculação e mesmo dor ao ejacular. Medicações para o coração (cardiovasculares): A Digoxina é um medicamento usado principalmente para aumentar a contratilidade do músculo cardíaco nos casos de insuficiência cardíaca congestiva.

Ela induz a dificuldades de ereção por elevação dos níveis de estrógenos (hormônio feminino), diminuição do hormônio masculino (testosterona) e por aumento do cálcio nas células penianas, o que resulta em menor capacidade do tecido peniano se relaxar e atingir uma ereção. Medicações usadas para baixar o colesterol: Podem prejudicar tanto as ereções como interferir com o desejo sexual, principalmente o Clofibrato (sinteroid®, lipofacton®) e o Gemfibrozina (lopid®) e menos freqüente a Sinvastatina (zocor ®). A provável razão seria a interferência com o metabolismo hepático (do fígado) dos hormônios sexuais. Medicações para tratamento da úlcera: A Cimeditina (tagamet®, ulcedine ®), dependendo da dosagem, diminui o desejo sexual e causa impotência em 50% dos pacientes devido seu efeito anti-androgênico (diminuição dos hormônios masculinos).

A Ranitidina (antak®) pode provocar aumento de prolactina levando a baixa do hormônio masculino testosterona causando baixa de libido e disfunção erétil, mas muito menos freqüente que com a Cimetidina. A Famotidina (famox®) pode causar disfunções sexuais semelhantes, mas muito menos que a Cimetidina e a Ranitidina. Hormônios: A importância fundamental dos hormônios masculinos na manutenção da atividade sexual normal pode ser afetada rapidamente por determinados agentes químicos. Estas substâncias são mais freqüentemente empregadas para o tratamento do câncer da próstata. Estrógenos (destilbenol®) e Análogos LHRH como a Goserelina (zoladex®) e Leuprolida (lupron®) derrubam rapidamente os níveis de testosterona para índices de castração levando a impotência, baixa de libido e aumento do seio no homem (especialmente estrógenos). Com menos intensidade, mas com reconhecidos efeitos negativos diretos no desejo sexual e função erétil estão os antiandrógenos como a Ciproterona (androcur®).

A Flutamida (eulexin®, tecnoflut®) e a Bicalutamida (casodex®) embora não promovam um decréscimo da testosterona sanguínea, elas diminuem seu acesso às células afetando a libido, a capacidade erétil e causando aumento do seio (ginecomastia). A Finasterida (proscar®, reduscar®, finasten®, propécia®) medicação para o tratamento do crescimento benigno da próstata e para queda de cabelos leva em 6% dos pacientes tratados à redução da libido, piora das ereções penianas em 8% e diminuição da ejaculação em 4%. Outras medicações: O Cetoconazol (nizoral®, cetonax ®), usado para tratamento de doenças fungicas, quando em altas doses acarreta baixa de testosteronas interferindo no desejo sexual e causando disfunção erétil. O uso prolongado de substâncias a base de Efedrina e Pseudoefedrina, usadas geralmente em descongestionantes, podem dificultar as ereções por impedir um relaxamento completo da musculatura peniana. A Metoclopramida (plasil®) atua a nível cerebral diminuindo os níveis de dopamina, o que leva ao aumento da prolactina com conseqüente baixa da testosterona, alterando o desejo sexual.

Tratar uma disfunção sexual devido aos efeitos colaterais de medicações pode ser uma tarefa difícil. Dependendo da medicação empregada e o tempo de uso, estes problemas podem regredir espontaneamente com o tempo. Em algumas situações poderá ser possível uma mudança para uma medicação que cause menos efeitos negativos sobre a sexualidade, por exemplo, trocar um diurético Tiazídico por um inibidor da ECA na hipertensão arterial. Outras possíveis alternativas incluem a redução da dose ou mesmo usá-la distante da relação sexual. Desta forma o médico deve sempre que possível escolher uma medicação que não tenha um efeito conhecido e marcante sobre a função sexual, o que vai implicar em uma qualidade de vida melhor ao paciente e uma continuação do tratamento proposto. 

 


Dr. Marcio de Carvalho

Urologista