Não é fácil dizer adeus quando o coração insiste em amar.
Não é fácil fingir que está tudo bem, quando estamos derretendo incertezas, tristezas e decepções.
Não é fácil sorrir para alguém ou alguma situação, quando o choro está engasgado na alma.
Não é fácil assumir os erros, as maldades e os insucessos, quando nos sentimos perdidos e sozinhos.
Não é fácil nos aceitarmos por completo, quando a verdade nos desencoraja e confronta com nossas fraquezas.
Não é fácil sair de uma desilusão sem carregar o estigma da descrença.
Não é fácil colocar no lixo o que ainda nos dá falsa esperança.
Não é fácil acordar todos os dias, sair da cama e ir trabalhar cheio de dores e preocupações, mas se faz necessário quando é preciso recomeçar.
Não é fácil deixarmos para trás aquilo que nos desencantou, pois reerguer não tem nada de sublime, é apenas uma imposição própria, quando precisamos sair da escuridão do desgosto.
Não é fácil perdoar, quando a vontade ainda é de vingança, de desejar o pior e mandar para o inferno.
Não é fácil manter o equilíbrio, a educação, quando perdemos o respeito pelo outro.
Não é fácil neutralizar mal entendidos, quando somos massacrados injustamente por alguém devido a sua falta de ética ou pudor.
Nada é fácil ou ameno, quando precisamos mais de razão do que de sentimento, colocar os pés no chão, respirar uma brisa fresca e achar uma solução.
Não é fácil aceitar conselhos quando estamos remoendo. Não é simples quando dentro de nós, a raiva está instalada; quando falta amor ou precisamos viver o luto. Não existem conselhos sábios e nem palavras que confortam, quando as lágrimas são insistentes e o soluço é o melhor acalanto.
Não é fácil para ninguém viver com dignidade cada dia, quando as oportunidades são limitadas, o salário é uma miséria e o emprego é escravo.
Não é fácil colocar a cabeça no travesseiro, dormir em meio aos problemas e sonhar possibilidades.
Não é fácil fazer caras, bocas e inventar bom humor, quando no íntimo estamos transbordando raiva e tristeza.
Não é fácil dar de cara com o ex e fingir que o esqueceu. Assim como não é fácil desviar o olhar e fingir não percebê-lo quando ainda há sentimento.
Não é fácil fingir que é passado, quando ainda sofremos a perda. Não é fácil viver. Não é fácil enxugar as lágrimas. Não é fácil perdoar. Não é fácil reconhecer os erros. Não é fácil voltar atrás. Não é, mas se faz necessário quando precisamos ser melhores.
É fácil quando a dor está no outro. É fácil julgar e criticar os ridículos do outro. É fácil dar lição de moral diante da vulnerabilidade do outro. É fácil criticar e apontar as fraquezas do outro. É fácil, muito fácil, quando a ferida que está aberta dói no outro e não precisamos nos envolver tanto.
Tudo fica mais fácil quando colocamos amor na vida e levamos sentimentos para as pessoas. Com sentimento e respeito temperamos os dias com a leveza que precisamos para viver bem, mesmo que algumas vezes o sal passa do ponto, tudo fica apimentado ou fica insosso.